terça-feira, 27 de setembro de 2011

V BH Indie Music - Terceira Semana por Edison Elloy


Sábado dia 24 de setembro de 2011 no V BH Indie Music
Apresentações: Monster Groove
 (Nova Lima-MG), Groove a Toa (Ribeirão das Neves-MG), Plame (Diadema-SP) e Favela Groove (Santa Luzia-MG).
Local: Centro Cultural Nem Secos

Monster Groove (Nova Lima-MG)  O corpo precisa se mover, pois está vivo. Abre a noite com muita energia e alto astral, música dançante, muito bem arranjada e produzida. Um malabarista tem habilidade e jogo de cintura, Monster Groove, tendo à frente Eduardo Araújo (voz/guitarra) e Bernardo Ribeiro (baixo/vocais) e apoiados por músicos competentes, sabem  que não se pára um show. Excelentes backing vocals, bem ajustados e mais que harmoniosos. Por isso rítmo intenso, por isso samples e sintetizadores, por isso guitarras e bases ágeis. Do sótão saíram os monstros e prontos para sem grandes dramas, viverem o que a vida lhes proporcionar.  A noite e o dia estão aí, diversão e também algumas decepções. Mas a vida está aqui dentro de nós.  Então vamos carregá-la da forma mais leve possível e de preferência com muito, muito ritmo.
Groove a Toa (Ribeirão das Neves-MG) “Rima doce em tempos amargos”. Expressar com verdade explícita e transbordando sinceridade os versos que traduzem sua visão do mundo em volta. Simples, forte e tão bem narradas que o alvo é certeiro. “Macacos me morda”, é proposital sim. Macacos nesse caso uma alusão ao sistema que oprime e impõe suas regras nada democráticas ou justas. Como a dizer: eles mordem VOCE, e você o que fará para safar-se? Monge Mascavo  (voz) The Lan Matarazzo (voz), Chirlei Mascavo (bateria/voz), Somah (baixo),  DJ Duloo Siciliano (pick-up) e Wingles Max (guitarra). Com a certeza daqueles que cantam o que sentem, pois bases seguras os resguardam, apontam as origens todas perceptíveis e possíveis. A pressa dos dias que vivemos em “Era velocista”. O amor artificial, sexo semi-virtual em brincadeiras naturais, por serem humanas. Crônicas cotidianas, pois “ser feliz do seu jeito”, só isso é importante. Groove a Toa sabe.
Plame (Diadema-SP) “A essência... de nós mesmos não será fugaz e o medo não terá valor”. O palco apenas não suporta toda a força e vontade arrebatadoras desse quinteto de hardcore legítimo. Punk, hardcore furioso para cantar toda a crença em transformações pessoais e sociais possíveis. Michel (Voz), Alan (guitarra), Du (bateria), Felipe Bonão (Guitarra) e Júnior (baixo) fizeram uma apresentação totalmente expressiva. Cosmopolitas que são, sabem muito bem onde pisam e como pisam para narrar as agruras de vivermos em cidades infelizmente cada vez mais estranhamente inóspitas, deveria ser o contrário, pois humanos é o  que somos, não?  Michel, canta com força e grita contra injustiças e atitudes comodistas que adotamos constantemente, grita com força explosiva, sob a qualidade técnica inquestionável de seus companheiros de Plame. As ruas de qualquer grande cidade desse país, exploração infantil em sinais, ou faróis como diz Michel, em seu sotaque paulista indefectível e bom de ouvir, pois mostra o quão diverso é o Brasil. Plame canta forte e com toda a sinceridade. A vida em nós quer mais, a vida em nós quer ser útil e valer sempre.  Show inesquecível.
Favela Groove (Santa Luzia-MG) Não se deve instigar desavisadamente aqueles que tem o que dizer, pois o verbo vem afiado e preciso. Léo Inseto e D.B sabem como fazê-lo. Diego Bobby (guitarra), Braw (guitarra) base, Daniel (baixo), Rafael: Bateria, Reinaldo (pick-up). Juntos levam aos ouvidos o verbo necessário para despertar mentes adormecidas, e como precisamos disso! A voz dos que não a possuem para narrar seu cotidiano. O respeito aos iguais em todas as periferias do país. “Levanta a mão”, e você vai saber de que lado está a força. “Guerreiro é guerreiro” , nunca foge da luta, jamais se acovarda e não abandona os companheiros de batalha, pois sabe que a guerra é muito maior. Iguais, todas as matizes, “Alma colorida”, e a impossibilidade de dividir-se o indivisível. Sempre humanos. Hip hop, bases seguras e misturas, regae, samba, rap, tudo e mais o que for possível criar sem medo, pois “a luz que determina o quanto escuro é o lugar”. Grande banda, para mentes que pensam, grandes intenções para combater o que deve e precisa ser combatido. Alguma chuva e platéia encerrando a noite ao som e a certeza de ouvir música sincera e honesta.

Domingo dia 25 de setembro de 2011 no V BH Indie Music
Apresentações: 
Dead Vines (Belo Horizonte-MG)Dmor (Belo Horizonte-MG) Irônika (Belo Horizonte-MG).
Local: Centro Cultural Nem Secos

Dead Vines (Belo Horizonte-MG) Um trio de punk rock? Não. Uma banda que busca no rock´n roll o caminho para expressar-se.  Bugú Reis (voz/guitarra), Luis Borges (bateria) e Davidson (baixo/vocal). Canções, algumas com as bases básicas de punk, sim. Textos que abordam o mundo à nossa volta, as relações interpessoais, todas. A percepção política de nossas atitudes cotidianas e a política mesmo. Os “reis” oportunistas em seus castelos reais e megalômanos. Qual e quem será o próximo? Crítica aos exploradores. Em uma apresentação firme e buscando levar à platéia seus textos que merecem ser percebidos, gritam o “Caos”, mostram o caótico estilo sócio-político-existencial que construímos. As relações humanas e suas complexidades. “A vida humana”, ela não nos deixa mesmo escolhas, viver e viver o mais intensamente possível, narrar essa condição e escolha compulsórias é o que faz, para o nosso bem a Dead Vines. Viva!
Dmor (Belo Horizonte-MG) Estranho, pois o exercício de legislar em causa própria não me cai bem. Escrever sobre a banda na qual canto, componho e escrevo é estranho.  Sempre idealizei  assistir a uma apresentação da minha banda, não através de vídeo, mas sim estando na platéia, impossível sei. E eis que me vejo agora escrevendo sobre uma apresentação tendo a visão do palco. É bom perceber que a platéia de antemão é sempre receptiva e acolhedora, e tenham a certeza de que os versos que canto são sinceros. Falam sobre todos nós, falam sobre tudo que um atento observador que deseja narrar a aventura de viver e existir o faz. Nada diferente de todas as bandas e artistas que estou ouvindo e vendo no V BH Indie Music. Uma Banda de rock, é o que pretendo ter. Nesses últimos tempos, instável em sua formação, tive para acompanhar-me Esdras Oliveira (guitarra), competente. E Daniel Pertence (bateria), mais que um músico, um amigo, Daniel é baterista oficial das Bandas Simples e da Junkbox, para ele não existe tempo ruim e é um apaixonado pela música e por suas amizades. Agradeço a ele publicamente agora, por mais esse auxílio. Sinto que agradamos a platéia, sinto que o que foi pretendido por Malu Aires ao conceber o projeto BH Indie Music, tem mais que razão para ser.  E apenas agradeço, com toda a sinceridade possível. Obrigado a todos os presentes.
Irônika (Belo Horizonte-MG) Bom ver e ouvir, verdadeiramente punk nas atitudes,  mas mais que rock´n roll na sonoridade e caminhos atuais, a Irônika tem a honestidade  musical de amantes do simples e autêntico. Divertir-se, mas divertir sua platéia é a máxima da banda.  Bruno Luiz (voz/guitarra), Jr. Skiter (guitarra/vocais), Pedro Vasseur (baixo/vocais), Mauro Novaes  (bateria). Executam com uma vontade e intensidade vibrante suas canções. Narrativas burlescas sobre garotas e bebidas, aparentemente despretensiosas. Cantar, tudo que pessoas que estão mesmo ao cantar em aparente estado de diversão, percebam. Cantar o cotidiano e isso inspirados em todos os sons de boa qualidade que os influenciam. Mas, cantar também as intenções espúrias de autoridades e supostos salvadores de plantão, que sejam ou políticos mal-intencionados ou capitalistas desonestos. Uma platéia fiel, seguidores e consumidores vorazes da mais que apresentada e Irônika,  cantaram, dançaram em ”mosh” e felizes e ungidos pelo rock´n'roll e as energias que vinham do palco, e sem chuva. Voltaram para suas casas e de novo,  poder dizer: Sim, foi muito bom ver e ouvir música sincera. Sim, a vida como os acordes do  rock´n'roll pulsa intensa em nós.


por Edison Elloy
fotos Naty Rodrigues

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