quarta-feira, 21 de setembro de 2011

V BH Indie Music - Segunda Semana por Edison Elloy


Sábado dia 17 de setembro de 2011 no V BH Indie Music
Apresentações: Simples (BH), Mezbeth (Vespasiano MG), Fred Inglez (Rio de Janeiro) e Cuatro (BH).
Local: Centro Cultural Nem Secos
Simples (Belo Horizonte) Existe uma sincronia quase siamesa entre os três instrumentistas da banda. Diogo Pertence (voz/guitarra), Daniel Pertence (bateria) e Lucas Caldoncelli (baixo). Cantar as relações, o cotidiano e as buscas , as impressões do mundo à sua volta, com tanta precisão e harmonia é para aqueles que comungam no mínimo a intenção maior. No caso fazer a música soar tão natural como os gestos físicos e as pulsações cardíacas. Em uma apresentação forte e perfeita em timbres e execução, o pop mais que perfeito da banda invadiu as mentes de uma platéia privilegiada. “O amor é pra quem não quer se enganar”. Música simplesmente impecável é para quem nunca se engana.
Mezbeth (Vespasiano-MG) Uma avalanche sonora toma conta do espaço, influenciados pelo que de melhor pode haver na cena de rock pesado, tenham certeza. Léo (voz/guitarra), Rafael (guitarra), Dw (baixo) e Raphael (bateria), formam o time. Metal, grunge, flertes com o trash metal, tudo isso e um pouco mais. Muita atitude para cantar o quanto podemos equivocadamente fazer as piores escolhas. Pancadas implacáveis de uma realidade que pode mesmo nos levar aos piores mundos dentro e fora de nós. Ironia, quando uma canção chamada “Sweet emotions”, na verdade descreve o quanto o pseudo-amor pode nos deprimir. “Core” canção que abre o show apresenta-nos quase o anti-núcleo primordial necessário para alguma saída dos estados incômodos em que nos colocamos. Arranjos, solos, baquetas e bumbos nervosos. Gritar, mas gritar mesmo e bem alto, não queremos a “inertia” que insiste em apossar-se de nós. Mas cuidado, ela está a espreitar-nos. A catarse sensorial é imposta, sim, pois depois da força sonora da banda é impossível não percebermos que a vida e sua complexidade insiste em habitar-nos. 
Fred Inglez (Rio de Janeiro) “A vida que continua”. Sons sintetizados, associados à guitarra densa do cantor carioca apontam o caminho, acompanhado por Arthur De Pala (baixo) e Fausto Batista (bateria), excelentes músicos, criativos e precisos. Caminho mais que possível, sons mais que essenciais para cantar em uma sonoridade que não precisa de rótulo, mas se for pop, será o que toda grande música pop precisa ser e ter. Conteúdo, excelentes canções, arranjos e atitude. Com bases sintetizadas pré-gravadas e a qualidade de seus músicos de apoio, Fred Inglez canta e muito sutilmente sua voz manda os recados. Sejam eles quase desencantos com o amor, mas, ele sabe que amor não desencanta. Por isso bases definitivas, talvez para dizer: É apenas uma recaída. A busca de um complemento afetivo, tão incerto quanto é o viver. “Tudo Programado”, mas a nós compete a reprogramação almejada. Pois, ao olharmos de verdade para o espelho diante de nós, veremos o único ser capaz de transformar sua realidade positivamente quando assim o desejar. Ouvidos invadidos por música limpa, nas intenções, sincera na essência e maravilhosamente agradável aos sentidos.

Cuatro (Belo Horizonte) Rock´n roll sem artifícios e outros subterfúgios. Vamos cantar a diversão, possível e agradável. Vamos cantar os encontros e desencontros no amor. Desejados e alcançados. Mas vamos antes de tudo festejar. A Cuatro, com sua sonoridade do rock básico e autêntico, mostra o quanto pode ser simples fazer canções boas aos ouvidos e ótimas para mover o corpo e espantar qualquer possível tédio. Douglas Tolentino (voz e guitarra), Humberto Sousa (guitarra e arranjos), Richardson Clarck (baixo) e Arukia Costa (bateria), celebram a amizade e a possibilidade de deixarmos mais leve a tarefa cotidiana de habitarmos o mundo de humanos. Uma sonoridade em que os caprichos de um solo ou a força e a criatividade delicadamente feminina de Arukia Costa nas baquetas entregam-nos a leveza de volta. Fecham a noite com chave de ouro, colocam de volta em seus ritmos normais nossos corações e convida-nos a continuar, pois a vida é o que mais importa.
Domingo dia 18 de setembro de 2011 no V BH Indie Music
Apresentações: Chapeleiro Maluco (BH), 9'S Fora Rock (BH) e Hotel Catete (BH).
Local: Centro Cultural Nem Secos


Chapeleiro Maluco (Belo Horizonte) O menos pode muitas vezes tornar-se mais. A banda Chapeleiro Maluco, formada por Abner Oliveira (voz/harmônica), Paulo Almeida (voz/guitarra), Fábio Santos (baixo) e Fernando Resende (bateria), mostrou-nos em uma apresentação segura, como fazer música de boa qualidade contando com uma formação básica, complementada pelos vocais e a gaita em um dueto harmônico, simples e oportuno de Abner Oliveira. Mais, pois as melodias da banda estavam lá diante de nós, as nuances de suas frases em arranjos, bem claros e perceptíveis. Novidade nas baquetas conduzidas por Fernando Resende, foi sua grande expressividade. Cantam os desencontros amorosos, cantam o almejado ponto em que estamos tranquilos e bem, pois estamos com nosso íntimo em harmonia. Paulo Almeida, vocalista e exímio guitarrista, brindou-nos com solos agudos e vibrantes, para ele cordas arrebentadas não são empecilhos.Técnica fina e sonoridade forte e expressiva da guitarra conduzida por ele mostraram como voltar para o simples pode ser recompensador.
9'S Fora Rock (Belo Horizonte) Diversão e festas. Relacionamentos, mas também a percepção de que estamos assim como na canção "Dancem macacos, dancem", regredindo, ou na melhor das hipóteses nos igualando aos nossos irmãos primatas. Pois estão eles nos superando ao mostrar-nos que eles, os supostos não-evoluídos, estão alguns passos à nossa frente, quando se trata de buscar algum equilíbrio e bom senso nas relações e na forma como cuidamos do meio à nossa volta. Crítica mordaz, o "Olho do mal" aponta com precisão crítica nossa redenção aos meios de comunicação em massa a nos impor padrões de comportamento que muitas vezes apenas remetem-nos às cavernas de nossos primos citados em "Dancem macacos, dancem". Bons esses textos da banda, certeiros em suas intenções. Rock´n roll básico. Mandando, entre a aparente despretensão das canções alegre e divertidas, o recado ao sistema. Se é que ele, o sistema, ouvirá alguém algum dia.
Hotel Catete (Belo Horizonte) A cidade em sua boêmia é cantada e descrita nas canções da banda. Reconhecemos o lugar que habitamos, em textos de canções muito bem arranjadas. Bruno César (voz/guitarra), Rafael Lopes (teclados/acordeom), João Gabriel (voz/guitarra), Milton Felipe (bateria) e Rodrigo Nunes (baixo) com comicidade e habilidade técnica-musical, passeiam por locais familiares da grande maioria dos habitantes de Belo Horizonte. Bebidas e sexo, música e diversão, estas também facetas do viver, uma pausa que nos coloca um pouco distantes e protegidos do todo. Pois "Meu bem", descreve com precisão onde tudo pode chegar quando apenas deixamos por conta do acaso ou destino transportar o que deveria estar sob nosso controle o tempo todo, nossas vidas. Agradável e prazeroso, ouvir em uma estréia, uma banda com a qualidade desta. Viva a boa música, sempre!


por Edison Elloy
fotos Naty Rodrigues

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Um comentário:

  1. Obrigado Edson pelas palavras esperamos estar no caminho certo, valeu!
    Abraços!!
    Banda_Cuatro

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