terça-feira, 4 de outubro de 2011

V BH Indie Music - Quarta Semana por Edison Elloy

Sábado dia 01 de outubro de 2011 no V BH Indie Music
Apresentações: Stat-K (Rio de Janeiro-RJ), Paz-Me (Belo Horizonte-MG) e Baader (Rio de Janeiro-RJ).
Local: Centro Cultural Nem Secos

Stat-K (RJ) Os cinco rapazes da banda sabem muito bem como fazer um pós-hardcore competente, talvez mais pop ou rocker, assim eles deixam transparecer à primeira audição. Com muita vontade de mostrar suas canções. Subiram ao palco do V Bh Indie Music, deixando bem evidente que estavam à vontade em cantar encontros e desencontros afetivos. "Mentiras", jamais são perdoadas, por isso neles a sinceridade de expor seus textos quase adolescentes, quase, pois toda a complexidade humana está em um bilhete ou carta de apaixonado, o reconhecer-se. Riffs agudos e harmoniosos. Vocais muito bem arranjados e afinadíssimos, bons de ouvir, os músicos Marco Pollo (guitarra/voz), Fabrício Brill (teclado/voz), Helber Taboza (bateria), Lau (baixo), Tiago Taboza (voz/guitarra), sabem mesmo como fazer a música que executam saltar do palco com força e vontade,  daqueles que ao narrar "mémorias de um passado" estão com a certeza de que nada será em vão. se os caminhos podem trazer obstáculos, e os trazem. Eles não se furtam ao mais importate, viver e cantar as canções, pois a estrada estará sempre aí, aberta para todos. (foto: Paty Duarte)

Paz-Me (BH) Impecável. Com toda a certeza dos que não precisam afirmar o que salta aos olhos e ouvidos, a Paz-Me brinda-nos com uma apresentação perfeita. Raufe Pereira (voz/guitarra/efeitos vocais), Charles Galvani (baixo), Flaviano "Fly" (teclados) e Scott Ferreira (bateria). Narram em sons e versos trajetórias de seres tão próximos a cada um de nós, simplesmente porque é sobre nós em nossas vidas cotidianas que discorrem seus versos. Canções muito bem cuidadas em seus arranjos, com sutilezas em variações dinâmicas que provocam em nós a expectativa ansiosa do próximo compasso. Teresa e sua luta pela sobrevivência, dos seus, antes mesmo de si. Maria e nossas apreensões e também certezas. Harmonias e atmosferas oníricas, mas a realidade sempre diante de nós. A qualidade sonora da apresentação esteve acima do normal, timbres, detalhes sutis de um prato ou dos teclados e riffs de guitarra. Preciosidades das linhas de contabaixo. Música plena e um presente aos que puderam testemunhar quatro músicos em estado de graça. "De onde vejo o  mar, de onde vejo bem, de onde vejo a paz". A convicção plena de que temporal ou vendaval algum destruirão a essência. Eles guardam consigo. (foto: Marcos Ganndu)


Baader (RJ) Nomadismo, esse é o termo para designar a desconstrução em um movimento onde o que importa é o instante e pelo que parece as sensações dos músicos em suas apresentações. Fernando Flack (voz/guitarra), Marcio Cunha (guitarra), Fernando Diferente (percussão), Marcos Valois (baixo) e Rodrigo Brayner (bateria), são representantes fiéis do Nomadismo. Rítmo, viagens sonoras que vão do reggae aos acordes nervosos de um punk rock ou brasilidades, estão todos lá imiscuidos nas canções dos cariocas da Baader. Sedados, o pior estado para vivermos e os textos da banda convidam a uma fuga desse estabelecido sistema, mas, há fuga possível? Uma apresentação onde a aparente e caótica composição dos arranjos aponta que não. Mas a possibilidade de lucidez está aí. Proposital, contratempos em uma percussão oportuna. Um timbre "comprimido" em guitarras que ditavam sim o rítmo. Relacionamentos confusos, diversão quase inconsequente, quase. Onde está o centro? a Baader também quer saber. Mas enquanto a resposta não chega. Vamos nos divertir. (foto: Marcos Ganndu)







Domingo dia 02 de outubro de 2011 no V BH Indie Music
Apresentações: Treze Provisório (Belo Horizonte-MG), Baader (Rio de Janeiro-RJ), Zero9 (Rio de Janeiro-RJ), Spartakus (Belo Horizonte-MG) e El´son da Terra (Sete Lagoas- MG).
Local: Centro Cultural Nem Secos

Treze Provisório (BH) Rítmo, com alto astral e energia positiva a banda de pop/rock/reggae abriu a tarde/noite do V BH Indie Music. Músicos competentes e a vontade de levar para a platéia diversão e alegria, platéia essa lotada de fãs e admiradores da banda. Cantar levemente os relacionamentos, os idealizados e os possíveis, a intenção positiva sempre, mesmo diante de adversidades e cantar tudo isso em melodias agradáveis aos ouvidos e ideais para o corpo se mover. Saber ou procurar saber o que é preciso acertar, buscar ao menos esse caminho. Arranjos bem cuidados com solos de guitarra bem colocados e sensíveis. Uma percussão forte para em dueto com a bateria sustentar a voz firme de F. Thomé (guitarra), acompanhado por Fernando Diniz (guitarra), Wesley Diniz (baixo), Wanderson (bateria) e Diogo (Percussão) o “front man” da banda canta e define que saber  amar, sonhar e viver é o que precisamos e eles sabem dizer isso com sinceridade. Forte em tambores e ritmo, forte e sensível para alegrar e divertir. (foto: Marcos Ganndu)

Baader (RJ) Os cariocas em seu segundo dia de festival,  deram-se ao luxo de modificar a ordem de seu repertório, adequaram à platéia. Leves em bermudas e descontração levaram para o palco esse astral. Ajustados no palco, os backing vocals de Fernando Valois (baixo), destacam-se. Comicidade e nem tão oculto assim as alfinetadas, mesmo envoltas em diversão. Ex- musa, Fernando Flack talvez pergunte: É incomodo amar? Se não nos colocarmos à distância segura, tenham certeza que sim. Márcio Cunha (guitarra) sutil e em acordes secos diretos e surdos, marca e entrega detalhes preciosos dos arranjos. Psicodélico, sim. Mas onde buscar o paraíso? Se não agora e aqui diante de platéia atenta e de mentes abertas ao novo. Experimentalismos, diversão, pseudo -despretensão talvez, uma banda assim em comunhão com seus sons e suas letras. Bem consigo e suas desconstruções nômades. (foto: Marcos Ganndu)

Zero9 (RJ) Vigor do new Rock dos rapazes da banda carioca impressiona à primeira audição. Principalmente após perderem a rota em BH e a organização do festival, de público dizendo obrigado a Felipe Pavani (voz/guitarra), Dênis Pavani (guitarra/voz), Vinicius Pavani (bateria/voz) e Ailton Cruz (baixo). Sem receio e com determinação subiram ao palco sem rodeios e sem permitir que a platéia descansasse seus ouvidos,  inundaram o ambiente com doses cavalares e bem vindas de acordes, melodias em canções muito bem elaboradas e arranjadas. Os relacionamentos, os encontros e desencontros, amores talvez.  Cantados com força, apontam a escolha da banda pela expressão honesta de seus sentimentos. Músicos de excelente qualidade cantam com a determinação necessária aos que não temem. Precisos e harmoniosos backings vocals, bases vigorosas de baixo e uma bateria personalíssima e forte. Timbres de guitarras muito bem ajustados. Música forte, para cantar com honestidade seus questionamentos. Existem muitas portas para se escolher e, ao abri-las a surpresa é iminente. Mas eles sabem qual porta lhes pertence. E é certeira. Música. (foto: Marcos Ganndu)

Spartakus (BH) Sobe ao palco um quarteto empenhado em cantar e tocar boas e agradáveis canções, que naturalmente envolvem os presentes. Alguém desvenda um coração? Complexo e denso, não. Não se desvenda fácil os sentimentos e Emerson Lima (voz/guitarra) canta seus versos com naturalidade e sutileza. Nossas prisões mentais. Memórias, expectativas e esperanças reais. Narra dramas e tragédias cotidianas com arranjos que muito bem comportam a intenção de seu texto. Fernando Prates (guitarra), Dennis Martins (baixo) e Eder Herbert (bateria) sustentam e guiam as melodias com bases seguras, solos adequados e sintonia afiada. Asfalto “quente”, realidades e certezas. Expectativas e esperanças. Uma banda segura em sua certeza. Cantando e executando cantos de razão e emoção. Honestos e tranqüilos.  Pois a verdade está dentro de cada um de nós. (foto: Marcos Ganndu)

El´son da Terra (Sete Lagoas MG) Certeiro o carismático e espiritual El´son da Terra acerta bem no alvo sua flecha infalível. Não há tempo para dissimular, ele sabe disso. Então acompanhado por uma banda onde brinca com seus músicos codinominando-os de “Big Blue”, “Macho Alfa” ou “O Homem da Barba Vermelha” faz-se cômico propositalmente para aliviar-nos  do peso de suas quase  profecias. Banda impecável que manda logo seu recado, em seus textos repletos de parábolas e certezas. “Aurora”, visão estarrecedora , de tão bela. Tenhamos olhos para ver. “Tantra”, o mergulho para dentro de onde apenas nós mesmos conhecemos os segredos. El ´son da Terra propõe-nos o auto conhecer. Quem se arrisca? E tome solos agudos e quase apoteóticos e tome força e harmonia sonora e mais ainda, o que os ouvidos e sensações permitirem. Encontrando-nos nada mais temeremos, pois, como canta com sua voz personal e bem colocada, “Se morro é porque preciso renascer...”. Morte ao ego, morte aos limites sensoriais. El ´son da Terra brinda-nos com a “Luz”. Apenas ela nos salvará das trevas. Viva a boa música, viva um artista sem medo ou limites. Viva El´son da Terra. Fechando com chaves douradas, essa grande noite de sons em forma de música. (foto: Marcos Ganndu)

por Edison Elloy
fotos Paty Duarte e Marcos Ganndu

Envie suas impressões  sobre o V BH Indie Music para o e-mail bhindiemusic@gmail.com e publicaremos tua história/narrativa/resenha/foto aqui neste blog

Nenhum comentário:

Postar um comentário